quinta-feira, 23 de junho de 2011



não me venha com relações mornas
pessoas superficiais
não quero saber de suas verdades sociais
seus interesses comerciais
suas belezas artificiais

quero amizade verdadeira
não quero conviver com pilotos automáticos
procuro sempre me entreter com almas e corações
vozes e canções
instrumentos de emoções

não me interessam amores reprimidos
falas decoradas
vontades veladas

não quero nada pela metade
guardem todas as meias sinceridades
porque o silêncio é mais belo
do que palavras sem verdade

me dêem apenas o real
e guardem todo o resto pra si
esperem de mim apenas honestidade
contigo e com meus sentimentos

o virtual não me toca
o ego não me nutre
só a mente não me supre

gosto das belezas da alma
dos segredos escondidos
gosto de conhecer a essência
do aconchego pra criança eterna

gosto da luz do sol batento no rosto
das flores brotando no quintal do mundo
do simples
do fatal e do vital da vida

amo nascer e morrer todos os dias
dormir cedo
acordar sem alarde
borboletas que cruzam a minha tarde

gosto de cantar
de ouvir os pássaros pela manhã
tomar café e voltar pra cama
uma boa companhia
um bom cigarro pra fumar

gosto do que vem de graça
da pura vontade de doar
gosto dos gestos mais simples
da poesia singela
da florzinha roubada

gosto de filosofar
de ver nosso cérebro pensar
um vinho tinto
taça de cristal

pequenos nuances da vida
do que é real e importante pra mim
o material é irrelevante
nada disso se leva adiante
a única verdade é a impermanência constante

foto: na exposição do escher - ccbb - sampa - junho/2011

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