sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

FÊNIX


O corpo se arrasta a passos curtos, como se não quisesse chegar a lugar algum.
A tristeza com que se movimenta é visível até aos cegos.
Aquele brilho não está mais em seus olhos, deve ter se perdido no momento em que seu coração foi dilacerado.
Age como se esperasse algo, como se sua vida fosse a fútil espera, a espera de um milagre.
Realmente é esse o reflexo transmitido, se é que podemos dizer que aquela vaguidão gera algum reflexo. Imagem de quem cansou de lutar, de quem não enxerga mais o romantismo da vida.
Mas não falamos de uma pessoa fraca, apenas uma sonhadora, que aspirava um amor eterno, e procura recuperar-se de um baque, de uma inesquecível perda.
Descobrir que nada é eterno, e sim efêmero, é demasiado triste para os românticos. Mas suas forças são imensuráveis. Os sonhadores sempre evocam um otimismo dos céus, para que se levantem e recomecem a devanear. Delírios de amor, instantes que valem por uma vida.
Por enquanto espera que o mundo pare, enquanto ela reordena seus pensamentos e chora por seu amor, mas como o mundo não para, ela age como uma marionete, trabalhando, caminhando, fazendo o que tem que ser feito e aguardando a vontade dos céus.
O desejo de estar em seu leito é constante, onde poderá verter suas lágrimas, a fim de lavar sua alma por completo, expurgando toda dor, mágoa e sofrimento.
É assim que se prepara para o seu retorno, como uma mágica e formosa Fênix, que ressurge das próprias cinzas, com sua força e beleza rara, reciclando a vida e deixando novamente marcas em seu céu.

13/05/2002
Paula Orsi Cruz

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