sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MAGO DAS PALAVRAS


Para Marcos Quinan
Olhar tão profundo, parece enxergar o que os outros jamais perceberiam, ou poderiam imaginar.
Mesmo que seus olhares nunca tenham se cruzado, sente-se a invasão do íntimo. Cada linha, cada vírgula, cada estrófe, faz sentir proximidade.
Esse pirata do espírito, que entra sem pedir licença, captura o quê de mais belo, e manifesta através de seus dedos mágicos, seu dom. Faz com que uma simples folha de papel crie vida, tenha cheiros e temperos.
Esse jeito de contar uma história, torna-se inusitado, intrigante, cativante. Aguça a curiosidade, e por vezes, muitas vezes, emociona.
Ar de mestre, daquele que ensina com humildade, respeito. Do tipo que qualquer piá há de se lembrar século depois. Século de boas recordações, aprendizado e quem sabe até de lágrimas vertidas.
Nos ombros carrega peso, peso leve, de bagagem sábia. Controvérsias e certezas. Batalhas vividas. Outras esquecidas. Labuta. Suor, muito suor.
Atrás da barba e dos óculos, oculta sangue antigo. Feiticeiro das letras, que dançam em sua lente, se aquietando à sua regência. Bruxo das notas, que saltitam e se mesclam.
Pois é, até das melodias ele se desembesta. Homem maduro. Do fazer acontecer. Do criar à sua vontade. Da vida. Do tempo à seu mercê. Se esconde do mundo, mas ao mesmo tempo se faz perpetuar.
Esse mago das palavras não conheço não. Só de nome, de foto, de livros, de amigo pai, das afinidades.


Paula Orsi Cruz
12/12/2003

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